terça-feira, 15 de julho de 2014

Novamente Jack Brownie

Sei que algumas pessoas que acompanham o blog ainda não sabem dessa empreitada e não conhecem o meu empreendimento no mundo dos brownies. Por isso, vou fazer um post pra dar água na boca e FORÇAR vocês a visitarem minha (nossa) fan page no facebook, seguir o JACK BROWNIE no instagram e, MELHOR AINDA, fazer aquela encomenda gostosa pra provar uma dessas delícias que seguem agora pra vocês em forma de fotos!

Lembrando que fazemos brownies individuais ou pra um montão de gente, além de prepará-los também pra eventos especiais, como chá de bebê, casamentos, aniversários, festas de empresas, formaturas e etc!

=)

Jack Brownie
(21) 3628-2717
(21) 9 8032-0089
myjackbrownie@gmail.com
fb.com/myjackbrownie
instagram.com/myjackbrownie

Jack brownie com nozes
Jack Brownie tradicional
Nossos adesivos prontinhos!
Jack Brownie


Brownies com decoração especial

Montanha de brownie =)
facebook.com/myjackbrownie



Especial Dia dos Namorados: pedacinhos
de brownie com calda de chocolate artesanal
Chá de bebê da Alice



Esses foram o começo de tudo: Natal/2012

Jack Blondie
Encomendas: Jack Box, Jack Calda e Jack Bag
Adesivos pra todos gostos e pra todos
os sabores!



Jack Calda




Jack Brownie recém cortado

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Jack Brownie

Meus amigos, I'm back!

Depois de um tempo de ''obsolescência'', volto para divulgar meu mais novo empreendimento: o Jack Brownie. Confesso que durante um tempo andei meio perdido, sem saber o que fazer. Além de voltar pra faculdade de economia, me questionava se realmente queria trabalhar com isso. Agora, já me formando, sei que ainda tenho muito a explorar no universo gastronômico, mas não da maneira que insisti durante um bom tempo.

As cozinhas de restaurante ficaram pra trás, e é da minha pequena cozinha no Ingá (Niterói), que saem os bons brownies que demorei um tempo pra achar a ''fórmula'' perfeita. Sim, quem faz doces sabe que as receitas estão mais próximas de fórmulas químicas do que o talento da improvisação. É mais uma graminha de manteiga aqui, menos uma graminha de açúcar ali, até chegar à combinação perfeita.

No meu caso, a combinação perfeita junta umas boas barras de chocolate meio amargo, um bom pedaço de manteiga, açúcar, alguns ovos, um bom chocolate em pó com alta graduação de cacau (o achocolatado da concorrência passa longe daqui!) e mais algumas coisinhas. O resultado: um bolo de chocolate com muito equilíbrio entre o amargo do chocolate e o doce do açúcar, muita cremosidade por dentro e aquela casquinha crocante por fora. Confesso que cheguei a um lindo resultado, e quem prova não me deixa mentir.





Os sabores? Tradicional, nozes, avelã e blondie (chocolate branco, açúcar maskavo e nozes). Tem ainda o pote de bordas, carinhosamente apelidado de ''bordas do jack'' pelo meu amigo e designer que desenvolveu a identidade visual da marca, Mauricio Pontual, dono da incrível marca Green Stach, a ''jack calda'' (calda de chocolate feita com chocolate meio amargo, açúcar maskavo e mel) e o ''jack pote com calda'', uma verdadeira ostentação: um pote de bordas com calda de chocolate. 


Os tamanhos? Os brownies e blondie são vendidos individualmente (em tamanhos de 5 cm x 5 cm) ou a ''jack box'', embalagem com 24 unidades por preço especial. As entregas, por enquanto, são feitas em Niterói e em alguns bairros do Rio. 



Podem pedir e aproveitar, que o Jack Brownie chega até você!
Pode nos seguir também no facebook e instagram pra ficar por dentro de todas as nossas novidades!

Um doce abraço pra todos!

Jack Brownie
(21) 3628-2717
(21) 9 8032-0089
myjackbrownie@gmail.com

terça-feira, 24 de setembro de 2013

tô voltando

Uma vez eu vi uma entrevista do ídolo Gustavo Black Alien onde ele dizia: ''E também não tinha muita coisa pra falar, sacoé? (...) e quando eu não tenho assunto meu amigo, eu não falo! Eu não tenho nada pra falar, eu não falo!''

Eu passei mais de 1 ano sem falar porque muita coisa aconteceu, e eu não tive vontade de escrever, a mínima vontade.

Talvez agora eu tenha algo pra dizer, mesmo que não haja mais ninguém pra ouvir.


sexta-feira, 11 de maio de 2012

dia do cozinheiro

uma postagem relâmpago por aqui. eu nem sabia, mas visto à todas as atualizações por aí, realizei que hoje, 10 de maio, era dia do cozinheiro. do cozinheiro! e não do chef de cozinha. esse último espera mais 3 dias pra ''comemorar''.
                                                               
mas qual a diferença? cozinheiro x chef e vice-versa.
                                                               
não vou prolongar. primeiro, você não estuda pra ser chef, você se torna chef.                                          
                                                             
'chef de cozinha' é um cargo, uma posição, seu emprego. 
já 'cozinheiro' é o seu trabalho, sua profissão, o que você é. chef de cozinha é o que você está. e mesmo sendo chef, você ainda será (ou pelo menos deveria ser) cozinheiro. isso torna o ''ser cozinheiro'' muito mais poético - pelo menos na teoria. 
                                                           
afinal, você pode deixar de ser chef, mas não vai deixar de ser cozinheiro. 
                                                               
ser cozinheiro é muito mais autêntico, apesar de não tão valorizado. mas sempre desconfie dos que dizem ser ''chefs de cozinha''; ser é diferente de estar.
                                                               
mas se precisar de um cozinheiro, quem sabe um dia eu possa me apresentar.
                                                             
beijo a todos!
                                                               
ah, não vou esquecer do nosso marketing! galera do RJ e grande Rio, quem quiser fazer aquele jantar na moral, aquele almoço, evento, reunião e etc, dá uma olhada nesses rapazes aqui, tem todas as informações do serviço que eles prestam, tal de 'Bon Vivant Chef Em Casa'. tão dizendo que vale a pena conferir.


p.s.: nossa gratidão especial ao Gustavo Vieira, responsável por essa arte, e Lara Lima, responsável pelas nossas fotos.

terça-feira, 3 de abril de 2012

'o justo' versus 'o chique'

a linha entre gastronomia como arte e gastronomia como definição de algo que é simplesmente uma necessidade não é nada tênue. pelo menos não é isso que andam mostrando por aí.
                                                         
ninguém duvida que gastronomia seja uma arte, eu acho. não tô falando de simplesmente cozinhar. tô falando da gastronomia em si, das técnicas, sabores, texturas, cores, combinações (prováveis e improváveis), variações, esforço, suor e sacrifício que pode ter sido colocado na construção e execução de um prato. química e física embrenhadas com sensações que nem sempre podem ser explicadas. pode até não ser a mais delicada das artes, aliás ninguém precisa dizer o que é mais ou menos bonito ou artístico, a gente não precisa entrar nessa subjetividade. mas gastronomia, seja ela alta ou não, precisa mexer com nossos sentidos, e essa é a grande complexidade. criar algo que agrade olfato, visão, paladar (...) do máximo de pessoas, mesmo com as singularidades de cada um. porque cozinheiro gosta mesmo é de agradar, essa é a grande escala de satisfação do nosso trabalho.
                                                            
só acho que é preciso pensar um pouco nos rumos que a gastronomia  que andam vendendo por aí está trilhando. porque gastronomia é gastronomia em todos os níveis sociais. e em todas as mesas, se tem entrega e amor, ela é arte. então vamo deixar o ''comercial'' um pouquinho de lado uma vez na vida? e o ego também, pra variar...
                                                             
qual o sentido em, por exemplo, eu ir comer num restaurante de um museu e gastar 24 reais em uma fatia de cheesecake? sério, isso não faz o MENOR sentido! p**** (e eu peço mil desculpas pela emoção à flor da pele na palavra usada), quem é o maluco que acha que por ela custar esse preço, esse pedaço de cheesecake é melhor que aquele que tu faz em casa com o maior carinho? vou repetir as palavras do Olivier Cozan: ''pagar caro não é chique''; e vou completar: pagar mais que o justo, é burrice! ou, no mínimo, uma vontade imensa de fingir que conhece aquilo que não tem a mínima ideia. você não é mais legal ou mais bonito por causa disso, acoooooooooorda! aí vão vir os donos de estabelecimentos, os mega empresários do ramo gastronômico, os chefs estrelados e a nova classe média dizer que você paga pelo ambiente, pela vista, pelo investimento, e blá blá blá. lo-ro-ta! ambiente bom é minha cama! restaurante eu vou pra comer bem, ser bem atendido e pagar um preço justo! ''ah, é um picadinho mas é o picadinho do(a) chef X''...e eu com isso? e você com isso? sério, tá na hora da gastronomia brasileira valorizar a verdadeira gastronomia brasileira.
                                                                
Atala já disse que é caro pagar 1 real num cachorro-quente na porta de um estádio. segundo ele, ''o pão é ruim, a salsicha é ruim''. na mesma sentença ele disse que é um ''tremendo prazer comer um cachorro-quente ruim e caro com meu filho no estádio''. é o momento, a companhia. isso que importa. mas 80 reais em um risoto, em qualquer lugar e com qualquer pessoa, é a maior das safadezas. lembra do lado social: uma coisa é a pessoa fazer do limão uma limonada e, com o que pode e o que tem acesso, vender cachorro-quente pra sustentar 16 filhos. outra coisa é o cara querer meter a mão no meu bolso e ficar rico às minhas custas. aham, valeu.
                                                              
aê, mesmo muito bom e muito bem executado, paga-se o justo. porque esse é o ponto: comida e alimentação são essenciais, você quer realmente dar esse ''privilégio'' apenas pros que podem pagar caro? se comer é necessidade, comer bem também.
                                                            
menos que o justo é injusto. mais que o justo também é.
                                                                      ah, não sinta falta. hoje não tem receita, mas vai uma recomendação: almoço ou jantar no Ix Bistrô, do Cozan, com entrada, prato principal e sobremesa. 
                                                                    essa é pra geral, não só pros pseudo intelectuais, pseudo formadores de opinião e pseudo etc.



Ix Bistrô
Rua Marquês de São Vicente, 52/3° piso - Shopping da Gávea
2512-5842

beijo.

sábado, 17 de março de 2012

''vestindo o verde, o branco e o laranja!'' - por luiz santos (de novo)

...mais uma do agora sócio, Luiz Santos! em homenagem ao dia do trevo, do verde, da cerva e de St. Patrick.
é bom eu voltar a escrever em alto nível logo, o rapaz tá comendo a caneta.


beijo e fui.


por Luiz Felipe Santos


Do descobrimento à Proclamação da República, o catolicismo foi a religião oficial do Brasil, devido a um acordo de Direito de Padroado firmado entre o Papa e a Coroa Portuguesa. "E daí?!" questiona você. Tendo em vista a importância e a influência da Igreja Católica na formação do estado brasileiro (e uma quantidade absurda de feriados santos que temos!), é de se espantar que o dia de São Patrício passe quase desapercebido, ainda mais se levarmos em consideração a forma como esse dia é comemorado. 

Todo dia 17 de março - data da morte do missionário cristão - é feriado religioso na Irlanda. Diz a lenda que St. Patrick nasceu como Maewyn Succat no século IV, na Grã-Bretanha. Aos 16 anos de idade, sua família e sua casa foram atacadas por ladrões irlandeses. Foi sequestrado, levado para uma ilha longe de casa e forçado a trabalhar como pastor. Foi durante seu tempo como um escravo que virou-se para Deus. Tempos depois escapou e retornou à casa de sua família. Iniciou então sua vida religiosa e retornou para a ilha de onde tinha fugido para pregar o evangelho, convertendo centenas de pessoas. Para explicar como a Santíssima Trindade era três e um ao mesmo tempo (a pagões e celtas, que eram politeístas), utilizava um trevo, e por isso o mesmo tem papel importante na cultura do país. Tão importante que na rebelião de 1798, na esperança de propagar seus ideais políticos, soldados irlandeses vestiram uniformes verdes no dia 17 de março, na esperança de chamar a atenção pública à rebelião. A expressão irlandesa "the wearing of the green" (''vestindo o verde''), significa usar um trevo ou então outra peça de roupa em referência aos soldados rebeldes.

Hoje a festa é sinônimo de uma boa bebedeira, principalmente da Stout - estilo de cerveja adorado pelos irlandeses. Mas nem sempre foi assim. Começou sendo comemorada com banquetes dedicados ao padroeiro e foi ganhando formas religiosas mais acentuadas, com missas e outras atividades que tomavam o dia todo. Por ser durante a quaresma - tempo em que os católicos devem jejuar, fazer promessas diciplinares e outros sacrifícios - se tornou uma válvula de escape para saciar o desejo por uma boa cerveja, outras indulgências e quem sabe até uns bons pecados, criando um perfil ainda mais festivo para a data comemorativa.
Dessa forma, hoje, dia 17 de março, é dia de vestir o verde e fazer farra regada a Stout e IRA (não o grupo terrorista mas sim a Irish Red Ale). A secular, lendária e irlandesa Guiness é o carro que abre os desfiles nessa grande parada de cervejas, com seu forte sabor e aroma de café. De palato forte pede um prato a altura: acompanha muito bem guisados de carne ou queijos de caráter forte. Na Inglaterra é comum quando se faz panquecas usar essa cerveja como componente líquido. E as brasileiras também estão na festa - e não fazem feio! A cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto no interior de São Paulo, elabora já tem alguns anos o "chopp verde", uma variação da ótima pilsen Caium.
Vale a pena conhecer e degustar. Pra mais informações, seguem 2 links:
Para uma experiência completa, vale escutar umas músicas do Shane MacGowan & The Popes enquanto prepara as panquecas.  


Panquecas irlandesas com Guiness:

- 3 xícaras de farinha de trigo
- 3 ovos
- 250 ml de Guiness
- 1/2 de xícara de leite
- 1/3 de xícara de manteiga derretida
- 1 pitada de sal
- 2 colheres de sopa de açúcar

Separe as gemas das claras dos ovos.
Bata as claras até ficarem firmes.
Enquanto isso, junte em um outro recipiente a cerveja, o leite e as gemas e bata até que a mistura fique uniforme.
Junte a farinha, o sal e o açúcar à mistura.
Adicione as claras.
Esquente a frigideira, unte com um pouco de manteiga e espalhe a massa.
Normalmente, as primeiras e as últimas panquecas não ficarão tão boas quanto as demais. Isso porque a primeira você usa pra acertar a quantidade de manteiga e de massa necessária para fazer uma panqueca; já na última, pode ser que falte massa.

cheeeeers!!!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

''as notas de um bom prato'' - por luiz santos

Não, eu não desisti. Ainda tô forte aqui, ressurgindo da auto-combustão como a fênix. Quase de volta do sarcófago da pirâmide com as energias renovadas e de olho no meu caldeirão dos desejos.


Sempre em contraponto, contrapartida e contracultura. 


E hoje, depois de algum tempo em ausência e sem influência, a inspiração do Luiz veio pra colocar tudo nos trilhos. Luiz Santos é meu irmão, e devo agradecer à Unirio por isso. Pelo menos por isso.


420 planos juntos. De ideias, ideais e sociedade. Esse ano é de dominar o mundo das panelas e mentes quentes, molhos brilhantes, endívias confitadas e caramelos de tamarindo.

Eu lembro quando numa reunião nossa ele me perguntou se eu me importaria em colocar aqui no blog um(uns) texto(s) dele. Esse post responde sua pergunta? E sabe o que me deixou mais feliz? Quando eu falava da Sudbrack com os olhos brilhando e você vinha com a promessa que ia estudar mais sobre ela. É bom ver que você se rendeu; algumas coisas na vida são inevitáveis, meu caro.



Sem parecer clichê, coloque muito amor no que faz e você vai ter certeza do resultado. Porque um pouco de amor nos dias de hoje é pouco. O garoto tava inspirado no texto, então coloquem seus capacetes e armaduras e leiam a chuva de pedra que está por vir.


Um beijo a todos vocês.


por Luiz Felipe Santos:


Cozinha e vida: um paralelo entre panela, fogão e tudo que se encontra fora da cozinha - a minha visão de como se entrelaça o universo culinário com os elementos cotidianos.


Tema de hoje: As notas de um bom prato.


Quando se é músico de coração e cozinheiro de profissão - e coração também -, é fácil enxergar infinitas semelhanças entre essas duas grandes artes (caso você tenha um bom gosto musical e seja um gourmet, tenho certeza que você sabe do que eu tô falando!). E a receita, tanto para um bom show quanto para um bom prato, é a mesma. Quando você tem seu mise-en-place pronto, seu instrumento afinado, receitas e notas decoradas e muita vontade (sim, você vai precisar disso aos montes), as coisas parecem mais simples. Porque no final das contas não há muitos segredos na verdade, e parece difícil de acreditar. O 'grande segredo' é o capricho na produção do que se faz. Se você usa as notas certas, os ingredientes que você escolheu com todo cuidado e depois investe esse cuidado na preparação do seu bolo ou melodia, não há muito com o que se preocupar. É claro que há espaço para os improvisos, é só ouvir o Coltrane ou perguntar pra minha  a receita da galinhada dela que muda todo domingo. 


Se você já esteve na cozinha de um restaurante em horário de pico, sabe que funciona como uma orquestra. Cada parte da cozinha tem sua função; o sous-chef como Spalla, o chef como Maestro...e mesmo assim às vezes tudo desanda, parece uma gravação de Hell's Kitchen com gritos mais quentes que as panelas que estão no fogo ou uma matéria da Veja falando dos problemas que os músicos da OSB tiveram com o Minzuck. Isso acontece também em casa: quando você esquece de salgar a carne, troca o sal pelo açúcar, não acha a palheta ou machuca a boca com o trompete. Não se desespere! É normal que nem sempre as coisas saiam como foram planejadas. E mesmo assim elas ainda podem ser surpreendentes! Eton Mess, uma tradicional sobremesa inglesa, surgiu de uma grande escorregada. Tarte Tatin também. As irmãs Caroline e Stèphanie Tatin, após a morte do pai, começaram a administrar o hotel da família, uma cuidava da recepção e a outra da cozinha. Por um descuido, a torta de maçã caramelizada foi ao forno sem massa no fundo da forma. Muito tarde para reparar o erro, ela cobriu a receita com a massa, esperou ficar pronta e serviu ao contrário para os convidados, que por sua vez ficaram extasiados com a novidade. E Blackbird dos Beatles, se me lembro bem, o Paul e o George tentavam tirar uma música do Bach, e como nunca saía igual eles aproveitaram a forma que eles tocavam. 


A grande certeza é que quando se serve à bocas ou ouvidos e se é bem recebido, com aplausos ou ''Huuumms'', é uma grande felicidade. Parece que músicos e cozinheiros partilham essa vontade de agradar a si mesmos, orgulhosos de seus esforços, e aos outros. Escutar ''Love, devotion and surrender'', que mesmo sem nenhuma palavra, nos faz entender que esse é um grande lema pra levar pra vida. Sim, ''amor, devoção e entrega'' é o que transparece quando se vê o Anthony Bourdain e suas reações orgasmáticas numa barraquinha de comida de rua no Vietnã, em seu programa ''Sem Reservas'', ou quando a Sudbrack transforma o ordinário quiabo de todo dia, quebrando estigmas de fibroso ou cheio de baba, num extraordinário quiabo defumado em camarão semicozido.


E como antes de tudo esse blog é sobre culinária, deixo aqui uma receita da chef que me inspirou a escrever essa coluna.


Tartare de Abóbora, por Roberta Sudbrack













- 200g de abóbora madura
- 1/2 cebola em fatias finas
- 2 colheres de sopa de passas pretas sem caroço
- 1 colher de sopa de gengibre fresco ralado
- 1 xícara pequena de vinagre de arroz
- 2 colheres de sopa de açúcar mascavo
- azeite de oliva extravirgem
- sal
- sementes de abóbora


Corte a abóbora em pequenos cubos.
Em uma panela, aqueça por alguns minutos o vinagre e o açúcar.
Depois, acrescente a abóbora e cozinhe por 2 minutos. 
Adicione as passas e cozinhe por mais 2 minutos.
Retire do fogo e junte o gengibre ralado.
Passe para um recipiente e reserve.
Na mesma panela, acrescente 2 colheres de sopa de azeite e doure ligeiramente a cebola. 
Misture a cebola com a abóbora e tempere com sal e azeite. 
Deixe descansar por pelo menos 2 horas na geladeira.
Enfeite com as sementes de abóbora (levadas ao forno com sal e pimenta-do-reino até ficarem crocantes) e sirva. 


Luiz, sem palavras. Máximo respeito.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

windowfarms

Já já vou explicar o que é, mas antes imagine o seguinte cenário: almoço em família no fim-de-semana. O encarregado pela execução das gostosuras é você. Escolheu preparar um cordeiro. Um pernil de cordeiro. Vai querer caprichar, comprar tudo com antecedência e deixar marinando para pegar todo o sabor das ervas, por exemplo. Vai servir salada também? Vai ao mercado, mas não vai comprar nenhuma erva ou folha. Prefere colher as do seu apartamento. Colher? Apartamento? A ideia de cultivar uma horta dentro de um apartamento pode parecer surreal no início, né? Mas existe salvação! E quando vejo ideias e sistemas como esse me encho de esperança e penso que podemos sim ser mais orgânicos do que somos, com menos esforço que jamais imaginamos e fazendo alguma coisa na luta contra os agrotóxicos, venenos que saltam na nossa mesa sem bater na porta, pedir licença ou ter o mínimo de bom senso. E vida! Vamo colocar mais verde na cidade, mais vida dentro de casa e mais colorido nas janelas!


Tô falando de Windowfarms, um sistema de cultivo e crescimento de plantas e vegetais que provavelmente se encaixará em sua janela, disponibilizando vários alimentos mega frescos pra você praticamente o ano inteiro. Funciona mais ou menos assim: é um sistema vertical onde a água é bombeada de baixo pra cima, vindo de um reservatório localizado em sua base, e vai gotejando água e nutrientes abaixo, de garrafa em garrafa, matando a sede das raízes ao longo do caminho. Toda a água e nutriente não absorvido em um ciclo voltam para o reservatório e são bombeados novamente no ciclo seguinte. 


                                       
         


Além de tudo, o sistema é bem prático: seja comprando ou construindo o 'jardim vertical', é só seguir as instruções, escolher suas plantas, trocar a água uma vez na semana e limpar o sistema uma vez ao mês. A equipe deles ainda dá dicas na escolha do que plantar, de acordo com o 'micro-clima' da sua janela. Desculpem parecer clichê, mas colher vegetais cultivados por você, dentro de um apartamento, realmente não tem preço.




Agora por que divulgar e fazer propaganda desse sistema? O que eu ganho com isso? Sozinho eu não ganho nada! Isso por que não só eu ganho, mas você ganha, nosso corpo ganha, o país ganha...o mundo? Vixe, esse nem se fala. E o melhor de tudo: as empresas produtoras dos venenos químicos perdem! Lógico que atingir essas empresas é algo muito futuro, é necessário uma enorme conscientização, até por que no início elas não sentirão nem cócegas. Por isso que eu acho que se deve ter Windowfarm principalmente pelo seu bem estar, e pelo prazer de ter sempre ingredientes frescos e prontos pra serem usados em suas preparações. É construir essa parada por você! E pra quem cozinha, profissionalmente ou não, existe prazer maior que colher aquele manjericão na hora? Aquela hortelã? Aquele alecrim? Um coentrinho? É indescritível gente, sério mesmo. 


Falando de agrotóxicos, o Brasil é o maior consumidor no mundo desde 2008. Significa que, em média, cada brasileiro consome 5,2 litros de agrotóxicos por ano! Pra quem ainda não assistiu ao documentário ''O veneno está na mesa'', de Silvio Tendler, fica a dica. Fica a dica duas vezes. Isso não é uma campanha contra empresas produtoras de agrotóxicos (mesmo que pareça!), mas sim uma campanha pela vida. O que acontece é que apesar de não parecer ofensivo e prejudicial, o veneno está mais que na nossa mesa, já tá dentro do nosso corpo faz tempo e vem prejudicando e matando cultivadores e trabalhadores rurais, os que tem contato direto e diário com esses produtos. Além disso, eles têm que fazer uso desses produtos para o controle de pragas, para que possam receber apoio e financiamento de bancos para continuarem com suas plantações. Pra ter uma ideia de como são as coisas, o metamidofós, princípio ativo que provoca danos e mais danos à saúde, já foi proibido em países como China, Japão, Indonésia e Costa do Marfim, e também será proibido por aqui em 2012. Graças! Que vitória!


A outra vitória depende de mim, de você. A construção de uma Windowfarm pode trazer benefícios pra sua comunidade, mas trará principalmente mais saúde e frescor pra você e seus pratos. Segue abaixo algumas das dúvidas mais frequentes do site, assim como o link da comunidade Windowfarm, onde windowfarmers e interessados no sistema compartilham experiências e tiram dúvidas sobre a implantação.


- o que é?

  • é um sistema vertical e hidropônico de cultivo, que permite a utilização de luz natural e o crescimento durante o ano todo em praticamente qualquer janela. 

  • uma maneira eficiente e saudável de crescimento de vegetais, ervas e folhosos que utiliza pequenos espaços e por isso é utilizado no sistema Windowfarm;
  • acomoda maior variedade de necessidades específicas de cada planta;
  • proporciona bons frutos mesmo fora de época;
  • plantas maiores podem crescer em espaços bem menores já que o volume de sujeira é vastamente reduzido.

  • pouca utilização de energia e bombeamento automático da água;
  • fácil adaptação do sistema de bombeamento às características da planta e ao 'micro-clima'.

  • de couve à agrião, morangos à ervilhas, manjericão à camomila;
  • quase tudo, com exceção de tubérculos como batata e rabanete, e plantas como milho e trigo, muito altas para o sistema.

Para mais dúvidas, a página 'I Think I Want' vai te ajudar, é só pesquisar outras dúvidas frequentes sobre o sistema. 

Quer saber o que andam falando sobre hidropônicos? Tem pé atrás sobre o sabor de um produto cultivado dessa forma? Então confere a matéria ''Want Fresher Produce?'', do NY Times.

Eu não tenho pé atrás. Quero meu jardim já!

beijo a todos! 
(valeu Luiz Santos por me apresentar a Windowfarms)

Ah, e a página 'Quero ser cozinheiro' no facebook, já viu qual é? Food styling, restaurantes, uma galera fazendo trabalhos legais sobre gastronomia e várias outras paraditas! Segue lá!






quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

sotero cozinha original

eu já vou começar pedindo desculpas pelo mês de distância do blog. não por que eu ache que alguém sentiu falta, não vou ser tão pretencioso, mas por achar que uma vez assumindo o compromisso de um blog, é obrigação atualizá-lo, não importa se são 10 ou 1000 pessoas lendo. então por isso vamos falar de coisa boa, até por que eu não poderia deixar de dedicar um texto inteiro ao Sotero, afinal, se o D.O.M. foi o início de São Paulo, o Sotero foi o meio e o 'até breve'.

como eu falei no texto anterior, eu iria passar o mês de novembro estagiando com o chef Rafael Sessenta, comandante da cozinha do Sotero. novembro passou e foi só alegria. o Sotero foi uma escola, é o sonho pra quem gosta de cozinha regional, além de ter uma excelente estrutura: cozinha ampla e profissionais dispostos a te ensinar, coisa que não se encontra em todo lugar.

muita gente me perguntou como eu consegui os estágios em São Paulo. sobre o D.O.M. eu já expliquei antes, sobre o Sotero eu vou explicar agora: liguei pro chef. e não, ele não me conhecia. o que eu ainda não expliquei é que conheci o trabalho dele através da minha tia, Luciana de Melo, que me emprestou o primeiro livro escrito por ele, Memórias de um Homem na Cozinha. pesquisei um pouco mais sobre a história dele, sobre o programa que apresentava na TV Salvador, sobre a forma como trabalhava os ingredientes nacionais e resgatava pratos e a cultura da Bahia contida neles. até aí eu não sabia se o chef continuava com sua Escola de Gastronomia em Salvador, se estava com restaurante na cidade ou alguma das outras inúmeras possibilidades. na verdade ele estava longe dali, mais precisamente no bairro de Santa Cecilia, em São Paulo, inaugurando o 'Sotero Cozinha Original'. nessa época me perguntei: que estudante de gastronomia não pensa em passar pelo menos um tempo em São Paulo? se tem, eu não conheço, e também nunca foi o meu caso; era a hora de ver qual era. telefone na mão, liguei pro chef e pedi pra passar um tempo aprendendo com eles. pra minha felicidade, ele foi sempre muito acessível e me recebeu pra uma temporada por lá, logo depois que passei pelo D.O.M. ah, por que eu liguei? como eu liguei? isso se faz? sou cara-de-pau? tudo isso a Sudbrack responde muito melhor do que eu poderia responder quando escreveu em seu blog: ''(...) insista, mande cartas, se expresse, se debata, ligue, tente até as últimas consequências. nós já estivemos no seu lugar e certamente teríamos feito o mesmo''. tá vendo? então, não fica de vergonhinha, de preguicinha. é a Sudbrack falando, acredita nela!

voltando ao Sotero, se eu fosse listar tudo o que aprendi por lá, demoraria ainda mais até esse texto ficar pronto. pra resumir, além das moquecas, bobó, baião, arroz do mar, de polvo e de hauçá, ambrosia, banana real, o MELHOR pudim de tapioca, cocadas, bolinho de estudante e obviamente, acarajé, caruru e vatapá entre outras maravilhas, aprendi muito sobre trabalho em equipe, hierarquia e mise en place, e como uma mise en place bem feita faz o serviço fluir muito mais fácil e natural. 


e por ter aprendido tudo isso e muito mais é que agradeço ao chef Rafael Sessenta pela oportunidade e paciência durante suas explicações...



...a Lai Galvão e ao Rafa Spencer por também terem me recebido tão bem...







...a toda a galera do salão e, como não poderia deixar de ser, ao Mineiro, que me mostrou como a cozinha pode e deve ser realmente descomplicada...











...a Jô, que me deu a base do acarajé e ao Duca, que mostrou o passo a passo de todo o processo até termos uma carne de sol de excelente qualidade...


                                                          




...e finalmente a Lú, a baiana recém-chegada, parceira na produção dos doces e que me ensinou um molho de pimenta daqueles.
                              



eu não tenho palavras pra dizer o quanto essa experiência foi grandiosa pra mim. vocês são minhas maiores saudades de São Paulo e espero voltar pra quem sabe dar sequência a este ciclo. obrigado do fundo do coração mesmo!

agora vocês ficam pensando, ''mas e aí, Felipe? foi, aprendeu, gostou, se divertiu, comeu bem...e não vai dividir nada com a gente?'' lógico que vou! da mesma forma que o chef dividiu em uma entrevista dada à revista 'Prazeres da Mesa', na qual ele fala sobre os rumos que a cozinha baiana está tomando e o que fazer para torná-la viável fora da Bahia e do Brasil, por que não? além disso o chef revela ao final da entrevista algumas receitas, entre elas a do Arroz de Hauçá, um dos carros-chefes do restaurante. prato afro-baiano, trazido pra cá pelos negros hauçás - muçulmanos habitantes do norte da Nigéria - e historicamente oferecido à Oxalá e Iemanjá, sendo cozido somente em bastante água, sem óleo e nenhum tempero, até ficar mais 'empapado' (fonte: Sou Salvador). gastronomicamente falando, é um arroz que passou do ponto e que ganha cremosidade ao ser somado ao leite de coco, servido com carne seca e molho de camarão seco. no prato servido no Sotero, o molho de camarão seco dá lugar a camarões frescos, uma grande sacada do chef. 

sem me prolongar ainda mais, recomendo a leitura esclarecedora dessa entrevista. a receita que vou passar é praticamente a mesma que ele dá ao final da entrevista, com algumas pequenas adaptações, já que em outros estados alguns ingredientes não são tão facilmente encontrados como na Bahia, caso do camarão seco, por exemplo. 

sobre a foto, eu não conseguiria tirar uma melhor que essa nunca.

é com muita saudade do Sotero, de Salvador e de São Paulo que peço que aproveitem a verdadeira cozinha original da Bahia, cheia de história, cultura e muito, muito sabor.

beijo a todos.

arroz de hauçá (4 pessoas):

para o arroz:
400g de arroz já pronto (não comprado pronto, o que foi feito por você!)
- 1 xícara de chá de leite de coco
- 2 colheres de sopa de amendoim torrado e triturado
- 2 colheres de sopa de castanha de caju torrada e triturada (hoje você já encontra tanto a castanha quanto o amendoim já triturados no supermercado)

para a carne seca: 
- 500g de carne seca de boa qualidade
- 1 cebola roxa picada
- azeite de oliva
- 1/4 de xícara de chá de manteiga de garrafa (encontra fácil em mercados)
- um punhado de salsinha picada

para o camarão:
- 500g de camarão grande e já limpo
- 1 cebola picada
- azeite de oliva
- azeite de dendê
- um punhado de cebolinha picada
- sal

o arroz é o seguinte: você pode usar aquele arroz que já tem pronto na sua casa, sem problema nenhum; mas caso faça um novo, ao invés de fazer na proporção de 2 pra 1 de água, utilize um pouco mais, ou seja: pra 1 1/2 xícara de arroz, utilize entre 3 1/2 e 4 xícaras de água, o que vai deixar o seu arroz um pouco mais 'unido' eu diria. não acrescente ainda o leite de coco e os demais ingredientes, ainda vamos chegar lá.

    deixe a carne seca de molho em um recipiente com água de um dia pro outro. troque a água esporadicamente, mais ou menos de 3 em 3 horas. eu não tenho muita regra pra isso, ou seja, não precisa acordar no meio da noite pra trocar a água. no dia do preparo, coloque uma panela com água pra ferver e escalde a carne. escaldar nada mais é que colocar a carne na panela com água fervente e retirar alguns minutos depois. você pode repetir (ou não) esse processo 2 ou 3 vezes para que a carne fique mais ou menos dessalgada. depois desse processo, descarte a água da panela, encha novamente e cozinhe até que a carne fique macia. quanto tempo é isso? o tempo necessário, você vai perceber quando a carne estiver numa textura boa pra desfiar, ela vai se desfazer facilmente. 

    com a carne já desfiada, aqueça um fio de azeite de oliva numa frigideira, refogue sem dourar a cebola roxa picada (deixe apenas a cebola murchar levemente), adicione a carne desfiada e um minuto depois a manteiga de garrafa. deixe apurar um pouco, mexendo apenas de vez em quando. finalize com a salsinha picada. prove e corrija o sal se necessário. dica: não deixe muito tempo a carne refogando na frigideira, esse processo é bem rápido, até por que a carne já está cozida. caso passe do tempo, a carne vai ficar ressecada e perder muito em textura.

    o tempo de preparo do camarão é bem reduzido, por isso atenção total pra que ele não passe do ponto: em uma frigideira aquecida, refogue a cebola picada em um pouco de azeite de oliva. adicione o camarão, sal, um fio de azeite de dendê e a cebolinha verde picada.

    hora de finalizar: aqueça em uma panela o leite de coco, adicione o arroz, a castanha e o amendoim. mexa até que o arroz agregue todo o leite. com a carne refogada e o molho de camarão prontos, é só servir e aproveitar esse prato que rendeu até uma aulinha de história né?


    qualquer dúvida, manda uma carta ;)


    e para os que estão em São Paulo, ou de passagem por lá, vale a pena conferir as delícias do Sotero:


    Sotero Cozinha Original
    R. Barão de Tatuí, 282 - Santa Cecília, São Paulo/SP
    11 3666-3066
    http://www.soterorestaurante.com.br/